A Vale (VALE3), uma das maiores mineradoras do mundo, divulgou seu balanço do primeiro trimestre de 2025 (1T25) no dia 24 de abril de 2025, após o fechamento do mercado. O resultado mostrou um lucro líquido de US$ 1,39 bilhão, uma queda de 17% em relação ao 1T24, quando a empresa lucrou US$ 1,67 bilhão. Esse número ficou abaixo das expectativas do mercado, que esperava um lucro de US$ 1,68 bilhão, segundo analistas da LSEG. A divulgação impactou as ações da empresa, que caíram 2% na NYSE no dia seguinte, 25 de abril. Hoje, 30 de abril de 2025, às 17h44, a ação está cotada a US$ 9,60, com alta de 1,05% no dia, mas ainda acumula uma perda de 21% em 1 ano. Vamos analisar os principais números, os motivos da queda e o que isso significa para os investidores.
Números do Balanço do 1T25: Queda no Lucro e Receita
A Vale reportou os seguintes indicadores principais no 1T25:
- Lucro Líquido: US$ 1,39 bilhão, queda de 17% em relação ao 1T24 (US$ 1,67 bilhão), e abaixo da expectativa de US$ 1,68 bilhão.
- Receita Operacional Líquida: US$ 8,12 bilhões (R$ 46,16 bilhões, com dólar médio a R$ 5,68), recuo de 4% frente aos US$ 8,45 bilhões do 1T24, mas acima da projeção de US$ 8,03 bilhões.
- EBITDA Ajustado: US$ 3,12 bilhões (R$ 18 bilhões), queda de 9% em relação ao 1T24, próximo da estimativa de US$ 3,16 bilhões.
- Fluxo de Caixa Livre: US$ 504 milhões, uma queda drástica de 77% ante os US$ 2,2 bilhões do 1T24, devido ao menor EBITDA e maior necessidade de capital de giro.
- Dívida Líquida: Subiu 21% no ano, para US$ 12,19 bilhões, refletindo pagamentos de dividendos e provisões, como as relacionadas aos desastres de Brumadinho e Mariana. A dívida líquida expandida cresceu 11% no trimestre, para US$ 18,24 bilhões.
O principal fator para a queda no lucro foi a baixa de 16% nos preços do minério de ferro, com o preço médio realizado caindo 10% para US$ 90,8 por tonelada. Apesar de um aumento de 4% no volume de vendas de minério (66,1 milhões de toneladas), isso não compensou a desvalorização do preço.
Desempenho Operacional: Pontos Positivos e Desafios
Nem tudo foi negativo no balanço da Vale. A empresa conseguiu reduzir custos, um ponto destacado pelo CEO Gustavo Pimenta: “Tivemos um início de ano consistente, com bom momento na gestão de custos.” O custo C1 do minério de ferro (da mina ao porto) caiu 11%, para US$ 21 por tonelada, mantendo a trajetória de redução ano a ano. A Vale reafirmou sua meta de custo C1 para 2025 entre US$ 20,5 e US$ 22 por tonelada.
No segmento de metais básicos, o desempenho foi positivo: o EBITDA de níquel e cobre mais que dobrou, atingindo US$ 554 milhões, com alta de 22% na receita e redução de custos. As vendas de níquel subiram 18%, e as de cobre, 7%, apesar de uma queda de 4% no preço médio do níquel (US$ 16.106 por tonelada). O custo all-in do cobre caiu 63%, para US$ 1.212 por tonelada, e o do níquel, 4%, para US$ 15.730 por tonelada, mostrando eficiência operacional.
Por outro lado, a produção de minério de ferro caiu 4,5%, para 67,7 milhões de toneladas, impactada por chuvas intensas no Sistema Norte e restrições de licenciamento na mina de Serra Norte. Apesar disso, a mina S11D, no Pará, teve seu melhor 1T da história, com 19,4 milhões de toneladas (+9,3%). A produção de pelotas também caiu 15,2%, para 7,2 milhões de toneladas, devido à menor disponibilidade de pellet feed e chuvas.
Reação do Mercado: Por Que as Ações Caíram?
A queda de 2% nas ações da Vale na NYSE no dia 25 de abril reflete a decepção do mercado com o lucro abaixo das expectativas e a forte redução no fluxo de caixa livre (-77%). O valuation da empresa, que já embute expectativas altas, não deixou margem para erros: a Vale negocia a um múltiplo preço/lucro (P/L) estimado de 5,5x para 2025, com EV/EBITDA de 4,5x, segundo posts no X, o que é atrativo, mas sensível a resultados mais fracos.
O cenário macroeconômico também pesou. A demanda por aço na China, maior consumidor de minério de ferro, está mais fraca, e as tarifas de Donald Trump nos EUA, que geraram uma guerra comercial com a China, aumentaram a volatilidade global. Isso impacta diretamente o preço do minério, principal fonte de receita da Vale (84% do EBITDA). Além disso, a Selic em 14,25% no Brasil torna a renda fixa mais atraente, reduzindo o interesse por ações de setores cíclicos como mineração.
Perspectivas e Estratégias da Vale para 2025
A Vale mantém sua projeção de produção de minério de ferro para 2025 entre 325 e 335 milhões de toneladas, mostrando confiança na recuperação operacional. Projetos como Vargem Grande 1 e Capanema avançam e devem atingir capacidade total no primeiro semestre de 2026, contribuindo para a meta de produção de 340-360 milhões de toneladas em 2026. No segmento de energia, a joint venture com a Aliança Energia, fechada com a Global Infrastructure Partners (GIP), é parte da estratégia de “asset-light” para otimizar o balanço e focar na descarbonização.
O programa Novo Carajás, lançado em fevereiro de 2025, visa expandir a produção de minério e cobre na região, com investimentos em tecnologia, segurança e sustentabilidade. A empresa também progrediu em suas metas de reparação: 75% dos compromissos de Brumadinho foram cumpridos até o 1T25, com R$ 3,9 bilhões pagos em compensações individuais desde 2019, e R$ 48 bilhões já desembolsados na reparação de Mariana.
**Conclusão: O Que Esperar da Vale Após o 1T25?
O balanço do 1T25 da Vale trouxe um misto de desafios e avanços. A queda de 17% no lucro, para US$ 1,39 bilhão, reflete a pressão dos preços do minério de ferro, mas a empresa mostrou resiliência com redução de custos (C1 a US$ 21/t) e crescimento no segmento de metais básicos. A reação negativa do mercado, com a queda de 2% nas ações, foi amplificada pelo valuation esticado e pelo cenário global adverso, com guerra comercial e Selic alta.
Para investidores, a Vale segue sendo uma aposta de longo prazo, com fundamentos sólidos e dividend yield atrativo (projetado em 9% para 2025, segundo posts no X). No entanto, a dependência do minério de ferro e os riscos macroeconômicos sugerem cautela no curto prazo. Se você já tem ações, pode ser prudente mantê-las, mas novos investidores talvez prefiram esperar uma correção maior nos preços. Acompanhar os próximos trimestres será essencial para avaliar se a Vale conseguirá cumprir suas metas e recuperar a confiança do mercado. E você, o que acha do futuro da Vale?