Hoje, 30 de abril de 2025, o Santander Brasil (SANB11) abriu a temporada de resultados dos grandes bancos na B3, anunciando um lucro líquido gerencial de R$ 3,861 bilhões no primeiro trimestre (1T25). Esse valor representa uma alta de 27,8% em relação ao mesmo período de 2024, superando as expectativas do mercado, que giravam em torno de R$ 3,698 bilhões, segundo analistas da Bloomberg. Mas o que está por trás desse desempenho? E o que isso significa para os investidores e para o futuro do banco? Vamos analisar os números, o contexto e as perspectivas para o Santander em 2025.
Desempenho Financeiro: Lucro e Rentabilidade em Alta
O lucro líquido gerencial de R$ 3,861 bilhões no 1T25 foi impulsionado por um crescimento sólido nas receitas, tanto com crédito quanto com serviços. A margem financeira bruta, que reflete os ganhos com operações que rendem juros, alcançou R$ 15,922 bilhões, uma alta de 7,7% em relação ao 1T24. Já as receitas com serviços, como cartões, seguros e contas correntes, cresceram 5,1%, totalizando R$ 5,137 bilhões. No entanto, a margem com mercado caiu 70,9%, para R$ 97 milhões, impactada pela alta da Selic, que está em 14,25%, e pela volatilidade do mercado.
A rentabilidade do banco também melhorou: o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) atingiu 17,4%, um avanço de 3,3 pontos percentuais em relação ao 1T24, embora tenha ficado ligeiramente abaixo do 17,6% do 4T24. Esse número superou as expectativas de analistas, como os da XP, que esperavam um ROE de 16,2%. O lucro societário, que considera fatores como o ágio de aquisições, foi de R$ 3,778 bilhões, com alta de 28,7% na comparação anual. Esses números mostram que o Santander continua sua trajetória de recuperação, iniciada após os desafios do pós-pandemia e do impacto do calote da Americanas em 2022.
Carteira de Crédito e Inadimplência: Crescimento Seletivo e Controle
A carteira de crédito expandida do Santander alcançou R$ 682,3 bilhões, um crescimento de 4,3% em relação ao 1T24, mas manteve-se estável em comparação com o 4T24. O banco adotou uma estratégia de crescimento seletivo, priorizando segmentos de maior rentabilidade: o crédito para pequenas e médias empresas (PMEs) cresceu 13,2%, e o financiamento ao consumo subiu 15,7%. Por outro lado, o crédito para pessoa física caiu 2,3%, refletindo uma abordagem mais cautelosa em um cenário de juros altos e incertezas macroeconômicas.
A inadimplência foi bem controlada. O índice de atrasos acima de 90 dias ficou em 3,3%, um leve aumento em relação aos 3,2% de um ano atrás, enquanto o índice de 15 a 90 dias permaneceu estável em 4,1%. As provisões para devedores duvidosos (PDD) cresceram, mas a um ritmo menor que o das receitas, o que indica uma gestão de risco eficiente. Esse controle é crucial em um contexto econômico desafiador, com a Selic elevada e um número recorde de pedidos de recuperação judicial no Brasil em 2024 e início de 2025.
Contexto Operacional e Estratégia
O Santander Brasil está colhendo os frutos de sua reestruturação iniciada em 2023, após um período de margens apertadas e lucros menores. O banco tem focado em eficiência operacional, o que se reflete na redução de custos: as despesas operacionais subiram 4,4% em relação ao 1T24, para R$ 6,573 bilhões, mas esse aumento ficou abaixo da inflação e do crescimento das receitas. Parte desse aumento veio de investimentos em tecnologia e do acordo coletivo de 2024, que ajustou os salários dos funcionários.
O CEO Mario Leão, em conferência com jornalistas, destacou que 2024 foi um ano de consolidação das melhorias, mas alertou que 2025 não deve trazer “grandes saltos” nos resultados. “Muito da primeira fase de melhorias já foi realizado. Agora, o momento é de lapidação e continuidade da execução estratégica, com foco no médio prazo”, afirmou Leão. Ele também mencionou um ambiente macroeconômico mais complexo, com desafios como o aumento de recuperações judiciais e a pressão da Selic, mas reforçou o objetivo de longo prazo de alcançar um ROE de 20% – algo que, segundo ele, pode acontecer em alguns anos, mas não em 2025.
Impacto no Mercado e nas Ações
Apesar do lucro acima das expectativas, as ações do Santander (SANB11) registraram queda na B3 hoje. Por volta das 13h, os papéis caíam cerca de 2%, cotados a R$ 26,50, segundo posts no X. Essa reação pode ser atribuída a alguns fatores: a margem com mercado mais fraca, as perspectivas mais cautelosas para 2025 e o cenário macroeconômico global, que inclui incertezas como as tarifas impostas por Donald Trump e a volatilidade nos mercados emergentes. No entanto, analistas mantêm uma visão positiva de longo prazo para o banco.
A XP Investimentos, por exemplo, mantém recomendação de compra para SANB11, com preço-alvo de R$ 35, o que implica um potencial de valorização de cerca de 32% em relação à cotação atual. O Goldman Sachs tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 28, enquanto o JP Morgan recomenda compra, com preço-alvo de R$ 31 até dezembro de 2025. Analistas destacam a recuperação da rentabilidade, a eficiência operacional e o valuation atrativo: o banco negocia a um múltiplo P/L (preço sobre lucro) de 6,2x para 2025, considerado baixo em relação ao setor.
Perspectivas e Dividendos para 2025
Olhando para o futuro, o Santander Brasil projeta um crescimento modesto da carteira de crédito em 2025, estimado em 5,3%, abaixo da média do mercado, refletindo uma postura mais conservadora. A receita líquida de juros (NII) deve crescer em linha com a carteira, mas o NII de mercado pode continuar pressionado pela Selic alta, com estimativas de um resultado negativo de R$ 2 bilhões para o ano. A receita de tarifas, por outro lado, deve se beneficiar da monetização da base de clientes, com foco em cartões, consórcios e serviços digitais.
Sobre dividendos, o Santander tem sido uma opção atraente para investidores focados em renda. Projeções apontam um dividend yield de 7% a 9,2% para 2025, dependendo da casa de análise. O canal Ativo Virtual, por exemplo, estima um dividendo de até R$ 2,40 por ação, o que implicaria um yield de 8,8% a preços atuais, considerando um payout histórico de 55%. O banco já anunciou um pagamento bilionário de Juros sobre Capital Próprio (JCP) em janeiro, com R$ 0,3421 por unit SANB11, e deve manter uma política de distribuição robusta.
Conclusão: O Santander é uma Boa Aposta?
O lucro de R$ 3,861 bilhões no 1T25 mostra que o Santander Brasil está no caminho certo em sua recuperação, com crescimento sólido, controle de custos e inadimplência estável. No entanto, o cenário macroeconômico desafiador e a ausência de “grandes saltos” em 2025, como destacou o CEO Mario Leão, sugerem que os investidores devem ter expectativas moderadas. O banco está focado em rentabilidade e eficiência, mas fatores como a Selic alta e a volatilidade global podem limitar seu desempenho no curto prazo.
Para quem busca dividendos, o Santander é uma opção interessante, com um yield projetado acima da média do setor. Para quem aposta em valorização, o valuation atrativo e as recomendações de compra de casas como XP e JP Morgan indicam potencial de alta, mas é preciso paciência, dado o contexto econômico. Se você já é acionista, pode valer a pena segurar os papéis e acompanhar os próximos trimestres. Se está pensando em entrar, os preços atuais oferecem uma margem de segurança, mas diversificar sua carteira é essencial em um cenário de tantas incertezas. E você, o que acha do Santander? Vai investir ou esperar por melhores oportunidades?