Lucro da Vale (VALE3) Cai 17% no 1º Trimestre de 2025: O Que Aconteceu?

A Vale (VALE3), uma das maiores mineradoras do mundo, divulgou seus resultados do primeiro trimestre de 2025, e a notícia não foi das melhores para os investidores: o lucro líquido caiu 17%, atingindo US$ 1,39 bilhão. Esse número ficou abaixo das expectativas do mercado, que esperava um lucro de US$ 1,68 bilhão, segundo analistas consultados pela LSEG. Mas o que levou a essa queda? E o que isso significa para a empresa e seus acionistas? Vamos analisar os detalhes e entender o cenário por trás dos números.


Queda no Lucro: O Impacto dos Preços do Minério de Ferro

A Vale reportou um lucro líquido de US$ 1,39 bilhão no primeiro trimestre de 2025, uma redução de 17% em comparação com os US$ 1,67 bilhão registrados no mesmo período de 2024. O principal motivo para essa queda foi a baixa nos preços do minério de ferro, que é o carro-chefe da empresa, respondendo por cerca de 84% de sua geração de caixa (EBITDA). Os preços de referência do minério caíram 16% no período, impactando diretamente as vendas da Vale, cujo preço médio realizado do minério de ferro foi de US$ 90,8 por tonelada, uma queda de 10% em relação ao ano anterior.

Apesar de a empresa ter aumentado o volume de vendas de minério de ferro em 4%, totalizando 66,1 milhões de toneladas, o recuo nos preços mais do que compensou esse ganho. A receita líquida da Vale também caiu 4%, para US$ 8,12 bilhões, contra US$ 8,45 bilhões no primeiro trimestre de 2024, embora tenha ficado um pouco acima das expectativas do mercado, que eram de US$ 8,03 bilhões. O EBITDA ajustado, um indicador importante de geração de caixa, recuou 9%, chegando a US$ 3,12 bilhões, também próximo das previsões dos analistas (US$ 3,16 bilhões).


Outros Fatores e Desempenho Operacional

Nem tudo foi negativo no balanço da Vale. A empresa conseguiu reduzir custos, o que ajudou a amenizar o impacto da queda nos preços. O custo C1 do minério de ferro, que reflete as despesas de produção da mina ao porto, caiu 11%, para US$ 21 por tonelada, continuando uma trajetória de redução ano a ano. Além disso, os custos totais de produção caíram 2% em relação ao ano passado, mostrando que a Vale está conseguindo melhorar sua eficiência operacional. O CEO, Gustavo Pimenta, destacou esse ponto, afirmando que a empresa teve “um início de ano consistente, com bom momento na gestão de custos”.

Outro fator que ajudou a compensar parcialmente a queda nos preços foi a valorização do real frente ao dólar, que reduz os custos da empresa em moeda estrangeira. No segmento de metais básicos, como níquel e cobre, a Vale também teve um desempenho positivo: o EBITDA desse segmento mais que dobrou, atingindo US$ 554 milhões, com aumento de 22% na receita e redução de custos. As vendas de níquel cresceram 18%, e as de cobre, 7%, apesar de uma queda de 4% no preço médio do níquel, para US$ 16.106 por tonelada.

Por outro lado, a produção de minério de ferro caiu 4,5%, para 67,7 milhões de toneladas, impactada por chuvas fortes no Sistema Norte e restrições de licenciamento na mina de Serra Norte. Apesar disso, a mina S11D, no Pará, teve seu melhor primeiro trimestre da história, com 19,4 milhões de toneladas produzidas, um aumento de 9,3% em relação a 2024.


Impacto no Balanço e nas Ações

O balanço da Vale mostrou outros números que chamam atenção. O fluxo de caixa livre caiu drasticamente 77%, para US$ 504 milhões, devido à menor geração de EBITDA e a maiores necessidades de capital de giro. A dívida líquida da empresa subiu 21% em relação ao ano passado, alcançando US$ 12,19 bilhões, refletindo pagamentos de acordos e provisões, como os relacionados aos desastres de Brumadinho e Mariana. Apesar disso, a dívida líquida expandida, que inclui essas obrigações, caiu 16% em relação ao ano passado, para US$ 18,24 bilhões, mas subiu 11% em relação ao último trimestre de 2024.

As ações da Vale (VALE) sentiram o impacto do resultado. No dia 25 de abril, após a divulgação, as ações caíram 2% na NYSE, refletindo a decepção do mercado com o lucro abaixo das expectativas. Hoje, 28 de abril de 2025, às 17h12, o preço da ação da Vale (ticker VALE) está em US$ 9,60, um aumento de 1,05% em relação ao fechamento anterior de US$ 9,50. Durante o dia, o preço oscilou entre US$ 9,485 (mínima) e US$ 9,615 (máxima), com a ação abrindo a US$ 9,51. Nos últimos 30 dias, a ação teve uma leve alta de 3,8%, mas no acumulado de 1 ano, caiu 21%, de US$ 12,17 em abril de 2024 para os atuais US$ 9,60, mostrando que a empresa ainda enfrenta desafios no mercado.


Perspectivas e Contexto de Mercado

A queda nos preços do minério de ferro reflete um cenário global mais amplo. A demanda por aço na China, maior consumidor mundial de minério de ferro, tem sido mais fraca, pressionando os preços. Além disso, incertezas globais, como a política de tarifas de Donald Trump nos EUA e o crescimento econômico mais lento em mercados emergentes, afetam o setor de commodities. Apesar disso, a Vale mantém sua projeção de produção de minério de ferro para 2025 entre 325 e 335 milhões de toneladas, indicando confiança em sua capacidade operacional.

Analistas do mercado, como os do Itaú BBA, destacaram que os resultados vieram dentro do esperado, com o controle de custos sendo o ponto positivo. No entanto, outros, como os do Santander, apontaram que os números operacionais sólidos “já estavam precificados” no valor das ações, o que explica a reação morna do mercado. A Vale também está investindo em projetos de longo prazo, como o programa Novo Carajás, lançado em fevereiro de 2025, que visa aumentar a produção de minério de ferro e cobre na região, além de melhorar a sustentabilidade e a segurança.


Conclusão: O Que Esperar da Vale?

A queda de 17% no lucro da Vale no primeiro trimestre de 2025, para US$ 1,39 bilhão, foi um reflexo direto da baixa nos preços do minério de ferro, que ofuscou os esforços da empresa em reduzir custos e aumentar as vendas. Apesar disso, a Vale mostra resiliência com melhorias operacionais, como a redução do custo C1 para US$ 21 por tonelada e o crescimento no segmento de metais básicos. A ação, cotada hoje a US$ 9,60, subiu 1,05% no dia, mas ainda acumula uma perda significativa no último ano, refletindo os desafios do setor.

Para os investidores, o cenário é misto: a Vale tem fundamentos sólidos e está avançando em eficiência e projetos estratégicos, mas a dependência do preço do minério de ferro a torna vulnerável às oscilações do mercado global. Se você é acionista ou está pensando em investir, vale a pena acompanhar os próximos trimestres para ver se a empresa conseguirá sustentar sua gestão de custos e se beneficiar de uma possível recuperação nos preços das commodities. E você, o que acha do desempenho da Vale? Vai segurar suas ações ou repensar sua estratégia?


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